TIPOS DE AÇÕES GINÁSTICAS

 

A pegagogia tradicional da Ginástica Artística busca codificar e descrever elementos técnicos, o que sugere uma “colagem”, ou cópia de atividades previamente estabelecidas. A pedagogia moderna propõe o desenvolvimento, principalmente por parte do professor, da capacidade de identificar na complexidade da atividade os diferentes tipos de ações motoras a serem executadas em um elemento técnico, tentando estabelecer uma boa preparação motora para este elemento, bem como uma boa preparação física.

As ações em ginástica podem ser classificadas em Ginástica Artística pelas suas semelhanças em termos de habilidades motoras exigidas. Leguet (1987) agrupa assim os movimentos, cada qual com inúmeras formas variantes:  

-          Girar sobre si mesmo (variações: rotações para frente, para trás, laterais ou combinação das mesmas, como nos rolamentos, giros sobre  barras, piruetas)

-          Fazer abertura e fechamento (aumento e diminuição do ângulo tronco/coxas, como na parada de mãos)

-          Passar pelo apoio invertido (inverter-se para frente, para trás, lateralmente, sobre as mãos, ombros, em tripedia, e outras formas)

-          Aterrissar recuperando o equilíbrio (em saltos sobre o tablado, sobre o cavalo, elementos de solo)

-          Saltar para realizar inúmeras movimentações com o corpo (saltos sobre o cavalo)

-          Manter-se em equilíbrio (equilíbrio em superfície reduzida, em equilíbrio invertido)

-          Deslocar-se em bipedia (apoiando-se sobre os pés ou sobre as mãos, em diferentes situações)

-          Passagens pelo solo (rolamentos, espacates, poses)

-          Balancear-se em apoio (balanço em apoio nas paralelas simétricas, balanço de pernas em apoio nas alças do cavalo com alças)

-          Balancear-se em suspensão (balanço livre na barra fixa, assimétricas, argolas)

-          Passar pela suspensão invertida (vela nas argolas)                                               

-          Volteios (permanecer no lugar ou deslocar-se em rotação usando o apoio dos braços)  

Pensando assim, temos que um mesmo elemento técnico pode fazer parte de diferentes grupos de movimentos. Por exemplo, ao realizar uma parada de mãos, o ginasta estará fazendo uma meia-rotação para frente, passando pelo apoio invertido e ainda realizando abertura e fechamento. Logo, vemos que a classificação dos elementos é algo somente para orientar-nos quanto ao planejamento e alcance dos objetivos de nossas aulas, fazendo-nos enxergar que, ao treinarmos a parada de mãos, estaremos beneficiando outras aprendizagens que se utilizem da abertura e do fechamento, da passagem pelo apoio invertido e das rotações, levando-nos a saber também que a solicitação física para a realização de diferentes tarefas técnicas pode ser semelhante.

Podemos também analisar a dificuldade de execução de uma técnica pelo número de ações motoras que exige, coordenadas e executadas em frações de segundos. No exemplo da parada de dois apoios (parada de mãos), temos 3 ações coordenadas, já em um salto mortal para frente, teremos 5 ações (saltar, fazer abertura e fechamento, girar sobre si mesmo e aterrissar) , logo, sua dificuldade de execução é bem maior. Desta forma percebemos que a aprendizagem da parada de dois apoios deve preceder à do mortal, e com esta análise teremos maiores          possibilidades de êxito em nosso trabalho.